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1º Encontro do Programa de Pesquisa Translacional em Leishmaniose – Fio-Leish - 07/12/2016

 
 
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1º Encontro do Programa de Pesquisa Translacional em Leishmaniose – Fio-Leish - 07/12/2016
por PPT VPPCB - segunda, 16 Out 2017, 14:21
 



Por Flavia Rianelli (VPPLR)

A Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência - VPPLR/Fiocruz promoveu, no dia 7 de dezembro, na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp), o encontro entre os pesquisadores da área de leishmaniose.

O evento aberto ao público teve como objetivo proporcionar a integração entre os diversos grupos de pesquisa da Fiocruz que atuam com a temática, possibilitando os grupos se conhecerem e mapearem possíveis interações/colaborações.

A Fio-Leish é uma das onze redes de pesquisa translacionais da VPPLR/Fiocruz, que tem a meta promover a articulação de grupos de pesquisa nas áreas referência, pesquisa clínica, desenvolvimento de insumos e iniciativas de controle em torno de um determinado problema de saúde pública no Brasil.

A abertura da reunião contou com a presença do Assessor da Vice-Presidência de Pesquisa e Laboratórios de Referência (VPLLR) e coordenador dos Programas de Pesquisa Translacionais, Wim Degrave que apresentou os Programas de Pesquisa Translacionais, ressaltando a importância para a área de leishmaniose do mapeamento da capacidade institucional, através da verificação da necessidade de infraestrutura, insumos, serviços e soluções para esses agravos. “É importante saber quem é quem, tanto na parte de análise de rede, tanto na parte de produção, tanto na parte de tecnologia de processos e produtos, e quais as diferentes tecnologias envolvidas e as políticas públicas que precisaremos para ter o controle da leishmaniose no Brasil”.

Além disto, destacou o lançamento de mais um edital de adesão de grupos de pesquisa registrados no CNPq ao Programa, a fim de conseguir, até o final do ano, a captação do restante dos grupos com atividades ou interesses na Fio-Leish, concluindo o mapa institucional da rede.

Em seguida, abriu-se espaço para que os pesquisadores da Fiocruz, ligados à área da Leishmaniose, pudessem sugerir e comentar suas atividades nos diversos grupos de pesquisa da Instituição.

O encontro contou com a formação de mesas temáticas como: Biologia, Reservatórios e Vetores - Constança Britto (IOC/Fiocruz), Sinval Pinto (CPqAM/Fiocruz), Tereza Cristina dos Santos (IOC/Fiocruz), Daniella Pereira (IOC/Fiocruz); Diagnóstico e Tratamento - Helvécio Rocha (Farmanguinhos/Fiocruz), Carlos Roberto Alves (IOC/Fiocruz) e Aline Fagundes (INI/Fiocruz) e Imunopatologia e Vacina - Fátima Silva (IOC/Fiocruz, Salvatore de Simone (IOC/Fiocruz), Paula De Lucca (IOC/Fiocruz) e Alda da Cruz (IOC/Fiocruz).

As discussões das mesas foram extremamente importantes para a interação entre os diversos grupos de pesquisa, conduzindo para a consolidação e integração da Rede Fio-Leish.

Abaixo, as discussões das mesas realizadas no 1º  Encontro do Programa de Pesquisa Translacional em Leishmaniose – Fio-Leish.

Mesa 1: “Biologia, reservatórios e vetores”.

Tereza Santos da plataforma de apoio de pesquisa e inovação - PAPI do IOC/Fiocruz abriu a mesa falando sobre a proposta do IOC no programa translacional (detectar produtos, meios de diagnóstico e ensaios sobre leishmaniose) e se colocando à disposição para ajudar o grupo da Fio-Leish na busca de novas informações, com o trabalho que o IOC realizou em 2012. Propôs junto ao grupo, atualizar este trabalho, através da interpretação de novas tendências para leishmaniose. Disse ainda que, além deste trabalho, é feita a identificação dos grupos que se comunicam no IOC, através dos artigos e teses, propondo essa metodologia de trabalho para os grupos que assim desejarem.

Sinval Pinto do CPqAM/ Fiocruz afirmou que, o grupo do qual faz parte na referência em leishmaniose tem trabalhado com vetores e reservatórios, mas acredita que muito ainda precisa ser feito para entender a interação entre o reservatório de leishmaniose e os vetores, assim como a dinâmica populacional das espécies de mamíferos que atuam como reservatórios. Disse ainda que é preciso caracterizar melhor a competência vetorial, para que a intervenção fique bem planejada.

Daniela Pereira do IOC/Fiocruz destacou a questão do vetor dentro da problemática da doença de leishmaniose. “O vetor tem um papel muito central nos ciclos de transmissão. Tem muitas vertentes que precisam ser estudadas”. Finalizou concluindo “cada vez está mais difícil fazer os ensaios de competência vetorial, por acabarem trabalhando com estudos multifocais”.

Aline Fagundes – INI/Fiocruz afirmou que a pesquisa básica, a bioinformática e a pesquisa in vitro irão ajudar na questão do vetor. Disse ainda: “sobre reservatório, a primeira coisa para tentar investigar, e a Fiocruz tem expertise nisso, seria a terapia para os animais que estão efetivamente doentes, fazendo o ensaio clinico controlado multicêntrico utilizando, o milteforan nos cães para ver o que acontece com efeito dessa droga que está chegando”.

Elisa Cupolillo do IOC/ Fiocruz acredita que a Rede Fio-Leish deva pensar em boas propostas que preencham lacunas, gerando informações relevantes para a sociedade. Disse ainda que uma das lacunas da leishmaniose na Fiocruz é a questão do tratamento. Também acha muito importante a indicação correta de pessoas em cada projeto funcionando como animadores, acreditando assim no êxito do projeto.

Neste primeiro momento, ficaram acordados os animadores para essa área específica: Sinval Pinto e Daniela Pereira.

Mesa 2: “Diagnóstico e Tratamento”.

Aline Fagundes do INI/Fiocruz abriu a mesa informando que o grande problema do diagnostico da leishmaniose tegumentar é a dependência da biopsia, por ser esta última, um processo invasivo vinculado ao médico para sua realização. Afirmou ainda que “a leishmaniose visceral é mais fácil porque produz anticorpo. No caso da tegumentar, a gente tem pouco e só agora estão levantando os olhos para tentar um teste imunológico de uma amostra não invasiva para o diagnóstico”.

Sobre o ensaio clínico, informou que o que se tem hoje são os ensaios que envolvem diferentes doses e esquemas terapêuticos. E o que se conseguiu de fato foi melhoria da aplicação da droga já existente, favorecendo a segurança do paciente. “Ensaio clínico não é um processo rápido, ele é muito demorado, porque trabalha em base populacional e tem uma escala de avaliação diferente, além de depender, também, de demanda do paciente”.

Em seguida, Carlos Roberto do IOC/ Fiocruz expôs que o laboratório do Instituto tem hoje tanto a parte do diagnóstico, quanto do tratamento, sendo bem voltado para o rastreamento de várias possibilidades de fatores de virulência.

Helvécio Rocha de Farmanguinhos/ Fiocruz e Coordenador do Programa de Pesquisa Translacional Fio-Nano informou não ser exatamente da área de leishmaniose, mas que está inserido na pesquisa voltada para parte de desenvolvimento ecológico de formulação. Informou que pela Fio-Nano identifica várias potencialidades de uso da nanotecnologia com desenvolvimento de carregadores para alguns fármacos e tentativas de vetorização. “Há uma potencialidade grande da nanotecnologia para várias doenças, sendo a leishmaniose uma delas”. Disse ainda estar estruturando uma plataforma de nanotecnologia farmacêutica com equipamentos, propondo para quem tiver interesse na parte de desenvolvimento tecnológico, a participação. “Não somos um grupo especializado em leishmania, mas a gente tem condições de atuar no desenvolvimento tecnológico de algumas formulações, lembrando que Farmaguinhos depois tem toda condição de escalonamento na industrialização do produto e eventual disponibilização para o Ministério”.

Aline Fagundes acredita ser o momento de se levantar o portfólio dos produtos disponíveis na Fiocruz, verificando em que fase se encontra os produtos, no sentido de produção e sua aplicabilidade. Posteriormente, seria repassado para o Helvécio essas informações, afim de que o mesmo possa definir o melhor enquadramento dos produtos analisando a viabilidade e a factibilidade. Falou também sobre a preocupação de tratar as doenças como uma só.  “A leishmaniose tegumentar e a visceral são muito diferentes. Teremos que trabalhar de forma singular o tratamento das duas doenças”.

Propôs ainda uma disciplina de inovação ou um seminário de inovação dentro dos cursos de pós-graduação para se discutir justamente como fazer essa ponte. Afirmou não ter dentro da Fiocruz nenhum curso e nada diretamente voltado para isso.

Helvécio ressaltou a necessidade do grupo ser mais propositivo e ofertar para o Ministério da Saúde produtos que realmente tenham viabilidade. Falou também, que em relação aos projetos, existe uma pulverização muito grande dos recursos. “A gente vê vários projetos sendo minimamente financiados. Talvez a Fiocruz devesse estabelecer algum tipo de priorização do projeto para que eles realmente recebam um financiamento que dê para fazer desenvolvimento ecológico”.

Neste primeiro momento, ficaram acordados os animadores para essa área específica: Helvécio Rocha, Carlos Roberto Alves e Aline Fagundes.

Mesa 3: “Imunopatologia e Vacina”.

Fátima Silva – IOC/Fiocruz abriu a mesa lamentando a falta de vários grupos da Fiocruz que trabalham na área. “Nós todos do IOC trabalhamos em vertentes que as vezes são diferentes e as vezes são exatamente iguais, estudando aspectos da patogenia da infecção”. Definiu isto como o grande gargalo que se tem. “Nós hoje até costumamos designar as leishmanioses, não falamos mais a leishmaniose. Porque é uma variedade grande de espécies de parasitas, com uma variedade grande de apresentações clínicas”. Ressaltou que muitos dos estudos de imunopatogênese são feitos em modelo experimental (estudo feito em camundongos). Destacou ainda as dificuldades que a Fiocruz apresenta para trabalho com primatas e cães, afirmando que algumas coisas necessitariam desses modelos. “Quando a gente fala em modelo animal, a gente tem um problema muito grande da qualidade dos animais com os quais nós trabalhamos. Nós da Fiocruz (RJ) temos uma dificuldade enorme de ter animais com uma qualidade que nos permita, muitas vezes ter segurança no resultado que está se obtendo. Se estamos falando de qualidade, nós temos que ter condições para que esse trabalho seja realizado. Tem alguns problemas que geram dificuldades, mas por outro lado, esses estudos dos mecanismos de doença, de infecção, de cura, de fatores que influenciam proteção, doença e controle são essenciais para que se possa fazer bons desenhos”.

Salvatore de Simone (IOC/Fiocruz) destacou que um dos pontos importante é a identificação de novas moléculas e a interação do organismo. Acredita ser um dos pontos que deva ser melhor avaliado. Destacou a necessidade de renovação das máquinas e equipamentos para que se possa estudar melhor essa interação. “É um processo muito complicado e que muitas vezes temos que solicitar à Alemanha um estudo de caso melhor”.

Paula De Lucca (IOC/Fiocruz) frisou a ausência dos pesquisadores do INI que trabalham com animais infectados. Falou sobre a importância de fazer um ensaio clínico em campo, de teste de droga, de ensaio de vacina, mas que para isso, precisaria ter um canil na Fiocruz.

Afirmou que seria bom investir num modelo para este tipo de análise de tratamento. “Para analisar o Milteforan e ver o que vai acontecer, é preciso estar com um negócio muito bem esquematizado para que as coisas andem da forma ideal”.

Alda da Cruz (IOC/Fiocruz) sugeriu que na próxima reunião se apresentassem questões mais objetivas para discussão. Destacou a leishmaniose como um grave problema de saúde pública no Brasil, acreditando ter condições para uma boa resposta, desde que se definam melhor as perguntas.

Wim Degrave aproveitou para esclarecer que os recursos estão escassos, o que dificultou a vinda de vários pesquisadores com expertise na área para o evento. Ainda assim, considerou importante dar o kickoff na Rede para que o grupo se preparasse melhor para 2017.

Neste primeiro momento, ficaram acordados como animadores para essa área específica: Fátima Silva (IOC/Fiocruz, Salvatore de Simone (IOC/Fiocruz), Paula De Lucca (IOC/Fiocruz).